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Pichações comprometem patrimônios culturais de Extrema

14/05/2019

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Dois dos nossos patrimônios culturais foram pichados: o muro da Escola Estadual Odete Valadares e paredes do Mirante da Caixa D’Água. No Brasil, a pichação é considerada crime e vandalismo ambiental nos termos do artigo 65 da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), com pena de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Muito além da pena, esse cenário reflete o desconhecimento da importância histórica que estes patrimônios possuem.

A palavra patrimônio significa herança, algo de valor passado por gerações.  Apesar desses bens não terem, necessariamente, valor monetário para cada morador, eles expressam a história de formação da cidade. São valores estéticos, científicos, religiosos e sociais, são valores que ligam o presente com o passado.

É importante reconhecer e conservar o bem patrimonial porque é ele que reúne o conjunto de realizações e vivências, que revela os costumes de um povoado, como é o caso da Escola Estadual Odete Valadares, que testemunhou grande parte da história de Extrema.  Inaugurada em 1943, foi a primeira edificação da cidade a ter instalações adequadas e a oferecer ensino de qualidade para as crianças.

Em 1968, após a finalização das obras de ampliação do prédio, o Grupo Escolar Odete Valadares – como era conhecida na época – tornou-se referência de ensino e passou a fazer parte da vida e rotina dos moradores da cidade. A partir desse marco a escola foi palco de vários eventos como, por exemplo, a 1º Festa do Milho com exposições agrícolas, e o IV Festival da Canção e da Poesia, alcançando o número recorde de 28 músicas inscritas.

Com a construção do prédio da cantina/refeitório e cobertura da quadra poliesportiva em 1980, muitos alunos das antigas escolas rurais passaram a estudar em suas dependências, trazidas pelo transporte escolar. A partir de 1994 a Escola Estadual Odete Valadares deixou de ser apenas um grupo escolar para se transformar em escola estadual, sendo implantado o Ensino Médio.

As modificações provocaram um crescimento no número de professores, funcionários e alunos. A profissionalização foi inevitável e os sonhos dos moradores de contar com uma instituição pública de qualidade finalmente foram realizados.

Outro patrimônio que passou por vandalismo e de tamanha importância quanto a Escola Odete Valadares, foi o Mirante da Caixa D’Água. Com apenas duas torneiras no centro da cidade (uma na atual Rua Melo Viana, na altura da Escola Odete Valadares, e a outra no Largo da Matriz), era evidente a precariedade do sistema de abastecimento. Diante dessa situação, em 1922 a família Cardoso Pinto construiu um reservatório de água em suas terras, às margens da Serra do Lopo, extremo da Serra da Mantiqueira.

Na década de 50, a família Monteiro comprou as terras junto com a Caixa D’Água. Além de ser particular, a Caixa D’Água era abastecida com águas da nascente localizada dentro da propriedade, controlando o abastecimento aos moradores de Extrema.

A fim de resolver a questão do fornecimento de água, o prefeito assinou um convênio com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, a COPASA, que passou a explorar o abastecimento em março de 1974. Uma das aquisições da empresa foi o antigo reservatório da família Monteiro. Logo, esse reservatório foi desativado e tampado com laje de concreto e um novo foi construído ao lado da pequena edificação.

A princípio, esse reservatório foi abastecido por duas nascentes da Serra do Lopo e funcionava como uma caixa de passagem antes de ser destinada à estação de tratamento para distribuição das casas. Poucos anos depois, a água passou a ser captada do Rio Jaguari e, por estar localizada em um dos pontos mais altos da cidade, a utilização da Caixa D’Água ainda era uma boa opção no processo de distribuição, armazenando a água tratada.

A estrutura funcionou por um longo tempo até ser desativada, passando a funcionar como mirante, proporcionando aos visitantes a bela vista das ruas e construções da cidade.

Em 2005, o local foi totalmente reformado. As telhas e tijolos da casa que abrigava o antigo reservatório foram limpos, e seus elementos de madeira, tratados. Pintaram as molduras das portas e janelas e no jardim, foram recuperados ponte e cascata. Hoje o Mirante da Caixa D’Água é referência em lazer e ponto turístico na cidade de Extrema.

Ambos os patrimônios retratam as gerações e esforços de pessoas que construíram Extrema. Quando vivemos em sociedade, além dos direitos, temos deveres! As nossas construções fazem parte da nossa história e devemos cuidá-las e protegê-las.